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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Palavras inúteis e palavras eficazes


  • No evangelho de Mateus, no contexto do discurso sobre as palavras que revelam o coração, existe uma palavra de Jesus que estremece os leitores do Evangelho de todos os tempos: “Mas eu vos digo que de toda palavra inútil que falem os homens darão contas no dia do Julgamento” (Mt 12, 36).
    Sempre foi difícil explicar o que Jesus entendia por “palavra inútil”. Certa luz nos chega de outra passagem do evangelho de Mateus (7, 15-20), onde volta o mesmo tema da árvore que se reconhece pelos frutos e onde todo o discurso aparece dirigido aos falsos profetas: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com disfarces de ovelhas, mas por dentro são lobos. Por seus frutos os conhecereis…”.
    Se o ditado de Jesus tem relação com o dos falsos profetas, então podemos talvez descobrir o que significa a palavra «inútil». O termo original, traduzido com «inútil», é argon, que quer dizer «sem efeito» (a – privativo –; ergos – obra –). Algumas traduções modernas, entre elas a italiana da CEI (Conferência Episcopal Italiana, N. do T.], vinculam o termo a «infundada», portanto, a um valor passivo: palavra que carece de fundamento, ou seja, calúnia. É uma tentativa de dar um sentido mais tranqüilizador à ameaça de Jesus. Não há nada, de fato, particularmente inquietante se Jesus diz que de toda calúnia se deve dar contas a Deus!
    Mas o significado de argon é mais ativo; quer dizer: palavra que não fundamenta nada, que não produz nada: portanto, vazia, estéril, sem eficácia [1]. Neste sentido, era mais adequada a antiga tradução da Vulgata, verbum otiosum, palavra «ociosa», inútil, que no demais é a que se adota também hoje na maioria das traduções.
    Não é difícil intuir o que quer dizer Jesus se compararmos este adjetivo com o que, na Bíblia, caracteriza constantemente a palavra de Deus: o adjetivo energes, eficaz, que atua, que se segue sempre de efeito – ergos (o mesmo adjetivo do qual deriva a palavra «enérgico»). São Paulo, por exemplo, escreve aos Tessalonicenses que, tendo recebido a palavra divina da pregação do Apóstolo, eles a acolheram não como palavra de homens, mas como o que é verdadeiramente, como «palavra de Deus que permanece operante (energeitai) nos crentes» (cf 1 Ts 2, 13). A oposição entre palavra de Deus e palavra do homem se apresenta aqui, implicitamente, como a oposição entre a palavra «que atua» e a palavra «que não atua», entre a palavra eficaz e a palavra vã e ineficaz.
    Também na carta aos Hebreus encontramos este conceito da eficácia da palavra divina: «a Palavra de Deus é viva e eficaz» (Hb 4, 12). Mas é um conceito que vem de longe; em Isaías, Deus declara que a palavra que sai de sua boca não volta a Ele jamais «vazia», sem ter realizado aquilo para o que foi enviado (v. Is 55, 11).
    A palavra inútil, da qual os homens terão de dar contas no dia do Juízo, não é portanto toda e qualquer palavra inútil; é a palavra inútil, vazia, pronunciada por aquele que deveria ao contrário pronunciar a «enérgica» palavra de Deus. É, em resumo, a palavra do falso profeta, que não recebe a palavra de Deus e, contudo, induz os demais a crerem que seja palavra de Deus. Ocorre exatamente ao inverso do que dizia São Paulo: tendo recebido uma palavra humana, ele a toma não pelo que é, mas pelo que não é, ou seja, por palavra divina. De toda palavra inútil sobre Deus o homem terá que dar contas: eis aqui, portanto, o sentido da grave advertência de Jesus.
    A palavra inútil é a falsificação da palavra de Deus, é o parasita da palavra de Deus. É reconhecida pelos frutos que não produz, porque, por definição, é estéril, sem eficácia (no bem). Deus «vela por sua palavra» (cf. Jr 1, 12), tem ciúmes dela e não pode permitir que o homem se aproprie do poder divino nela contido.
    O profeta Jeremias nos permite perceber a advertência que se oculta sob essa palavra de Jesus. Vê-se já claramente que se trata dos falsos profetas: «Assim diz Javé: Não escuteis as palavras dos profetas que vos profetizam. Estão vos enganando. Eles vos contam suas próprias fantasias, não coisas da boca de Javé… Profeta que tenha um sonho, conte um sonho, e o que tenha consigo minha palavra, que fale minha palavra fielmente. O que tem que ver a palha com o grão? – oráculo de Javé. Não é assim minha palavra, como o fogo, e como um martelo que arrebenta a rocha? Pois bem, aqui estou eu contra os profetas – oráculo de Javé – que roubam minhas palavras um do outro» (Jr 23, 16.28-31).

O grande valor da Santa Missa


  • “Uma Santa Missa tem mais valor que todos os tesouros do mundo”.
    São Leonardo de Porto Maurício Padroeiro dos Missionários.
    A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo oferecido, em nossos altares, em memória do sacrifício da Cruz.
    O Santo Sacrifício da Missa é oferecido:
    1º Para odorar e glorificar ao Senhor bom Deus;
    2º Para agradecer a Deus os benefícios recebidos;
    3º Para obter de Deus o perdão dos pecados;
    4º Para pedir a Deus graças e favores. “Na hora da morte, as Missas a que houveres assistido serão a tua maior consolação”.
    Um dos fins da Santa Missa é alcançar para ti o perdão dos teus pecados. Em cada Missa, podes diminuir a pena temporal devida aos teus pecados, pena essa que será diminuída na proporção do teu fervor. Assistindo com devoção à Santa Missa, prestas a maior das honras à Santa Humanidade de JESUS CRISTO. Ele compadece de muitas das tuas negligências e omissões. Perdoa-te os pecados veniais não confessados, dos quais, porém, te arrependes; preserva-te de muitos perigos e desgraças que te abateriam. Diminui o império de Satanás sobre ti mesmo. Sufraga as Almas do Purgatório da melhor maneira possível.
    Uma só Missa a que houveres assistido em vida, será mais salutar que muitas a que os outros assistirão por ti depois da morte. “Será ratificada no Céu a bênção, que do Sacerdote recebes na Santa Missa”, afirma o grande Doutor e Bispo da Igreja Santo Agostinho de Hipona. “O renomado pregador, denominado “O Boca de Ouro”, Doutor e Patriarca de Constantinopla São João Crisóstomo escreveu: “Estando Jesus morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, transpassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício”.
    O ínclito teólogo e Doutor da Igreja Santo Tomás de Aquino disse: “O martírio não é nada em comparação com a Santa Missa”. Pelo martírio, o homem oferece o Deus dá o seu Corpo e o seu Sangue em Sangue em sacrifício para os homens. Se o homem reconhecesse devidamente esse mistério, morreria de amor. A Eucaristia é o milagre supremo do SALVADOR; é o dom soberano do Seu amor”. Foi de forma magistral que a magnífica mística e Doutora da Igreja Santa Teresa de Ávila disse: “Sem a Santa Missa, que seria de nós? Tudo perecia neste mundo, pois somente ela pode deter o braço de Deus”. “Jesus Cristo na Santa Missa é médico e remédio” afirmou o fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, Bispo e Doutor da Igreja Santo Afonso de Ligório.
    Preciosidades
    Pedras preciosas sempre fascinaram por sua beleza, raridade e durabilidade, sem contar os milhões que podem representar. A maioria dessas preciosidades, também chamadas de gemas, são minerais ou rochas formadas a partir de condições especiais e pouco frequentes na natureza. “Cada mineral tem seu modo particular de formação. O diamante, por exemplo, se forma a partir do carbono, com pressões e temperaturas elevadas, só encontradas no interior da terra a grandes profundidades”, diz o geólogo e gemólogo Nelson Luiz Chodur, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná. O total de ouro no mundo, na superfície e já processado é de 163.000 toneladas. Todo esse ouro, com todas as pedras preciosas, junto com todo dinheiro e outras riquezas no mundo, não valem nada diante da Santa Missa. “Pois sabeis que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um Cordeiro sem defeitos e sem mácula” (1 Pd 1, 18). O maior valor que existe na face da terra é a Santa Missa. É a Santa Missa o verdadeiro culto de louvor, oblação, glorificação e adoração a Santíssima Trindade.
    Pe. Inácio José do Vale – Professor de História da Igreja

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Jesus: modelo perfeito de oração






  • “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41).
    A frequência com que oramos pode variar bastante segundo as circunstâncias que nos envolvem. Contudo, pressupõe-se que seja um costume regular.  O Senhor Jesus – como homem perfeito que foi – em tudo nos é modelo. Os seus dias de trabalho eram repletos de afazeres como os de nenhum outro. Mesmo assim, sempre o vemos em oração perante o seu Pai Celestial: cedo de manhã, ao fim do dia e não raro durante a noite. Isto vem á tona especialmente no evangelho de Lucas, onde ele é apresentado como o Filho do Homem. Vamos conferir algumas cenas:
    Logo no início de seu ministério: o batismo por João Batista assinala o início do ministério de Jesus (At 1,22). Lucas é o único que relata que o Senhor, tendo saído da água, orou. Logo a seguir o céu se abriu para o duplo testemunho divino, que também é relatado por Mateus e Marcos: o Espírito Santo desceu sobre ele em forma visível, e o Pai testificou o seu agrado no seu “Filho amado” (Lc 3,21-22).
    Em meio a muitos trabalhos: Nosso Senhor cumpria uma extensa lista de atividades. Ele ensinava nas sinagogas, pregava por toda parte, curava os enfermos e expelia demônios. Não havia como evitar que suas obras repercutissem, embora ele admoestasse repetidas vezes que não fizesse divulgação. “Ainda assim, ele não se deixava absorver pelas requisições, porém, se retirava para os lugares solitários e orava” (Lc 5,16). Tal relato faz supor que, por vezes, ele também se ausentava por períodos prolongados para estar a sós com Deus.
    Antes de decisões relevantes: certa ocasião ele perseverou a noite inteira em constante “oração a Deus” (Lc 6,12). Foi quando ele estava para escolher os seus doze apóstolos. Entre eles, homens que posteriormente, seriam grandes testemunhas da fé, como Pedro, João e Tiago, mas também “Judas Iscariotes, que se tornou traidor”. Ele era o filho de Deus, e nada lhe estava oculto; contudo, como homem que era, sentia profundamente a necessidade de comungar com Deus acerca dessas coisas.
    Antes de anúncios importantes: certa vez ele orou na presença dos discípulos, para  a seguir testá-los com uma pergunta: “E vos, quem dizeis que eu sou? (Lc 9:18-20). Em sua resposta, Pedro rendeu o magnífico testemunho: “O Cristo de Deus” (compare com Mt 16,16-17) . O Senhor Jesus no entanto, tomou a oportunidade para anunciar os seus sofrimentos da cruz.
    Sobre o “monte santo”: a maravilhosa prévia do que seria sua glória no vindouro Reino de Paz, que pode ser assistida por três de seus discípulos, começou com uma oração dele. “Estando ele orando”, ocorreu a misteriosa transfiguração (Lc 9,28-36; 2 Pe 1,16-18).
    Senhor, ensina-nos a orar: o Senhor havia terminado de orar, quando um discípulos lhe fez este pedido (Lc 11,1), Correspondendo a posição de outrora, ele apresentou o modelo do “Pai Nosso”. Hoje, todavia, oramos “no Espírito Santo” (Jd 20), contudo, na mesma atitude.
    Getsêmani: aqui vemos Nosso Senhor de joelhos, em profunda aflição de alma (Lc 22,43-44). Ele viera para cumprir a vontade de Deus, e nunca vacilou neste propósito. Sua missão tinha como base a oração ao bom Deus.
    ENSINAMENTO SOBRE A ORAÇÃO
    Nosso Senhor Jesus Cristo é o perfeito exemplo de orante e a maior autoridade sobre o ensino da oração. Ele deixou para nós a maior e a mais poderosa oração do universo: “A oração do Pai Nosso” (Mt 6,9-13).
    Ele contou uma parábola para mostrar a necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer (Cf. Lc 18, 1-8). Jesus tanto orava em companhia de seus amigos (Mt 26, 36-38; Lc 9, 28-36; Jo 11,40-45); como buscava o silêncio e a solidão para uma abissal comunhão com seu Pai (Mt 14,23 ; Mc 1,35). O capítulo 17 do Evangelho de São João é magistral no ensino de oração intercessória. São Paulo Apóstolo aprendeu muito bem com o seu Mestre Jesus de Nazaré, quando ele exorta: “Orai e sem cessar” (1 Ts 5,17). “Com orações e súplicas de toda a sorte, orai em todo o tempo, no Espírito e para isso vigiai com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6,18).
    Os Santos na História da Igreja deixou para nós o maior exemplo de oração e intimidade com Deus. Uma das principais virtudes dos Santos é a vida profunda de clamor e súplica pela humanidade.
    O grande Bispo e Doutor da Igreja Santo Agostinho de Hipona dizia: “Sem a oração não se pode conservar a vida da alma. A oração é uma chave que nos abre as portas do céu”. O Patriarca de Constantinopla São João Crisóstomo afirmava: “O homem mais poderoso é o que reza, porque se faz participante de Deus”.
    O ínclito teólogo, chamado pela Igreja de “O Doutor Angélico”, Santo Tomás de Aquino dizia: “A oração contínua é necessária ao homem para entrar no céu. A força da oração para obtermos a graça, não vem de nossos méritos, mas da misericórdia de Deus que prometeu ouvir aquele que lhe pede”.
    A primeira mulher declarada Doutora da Igreja foi a grande mística Santa Teresa de Ávila, ela disse: “A oração de intimidade com Deus, não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo para alegra-se só em Deus. Quem deixa a oração é como jogar-se no inferno por si mesmo, sem necessidade dos demônios”. Por isso o Bispo, Doutor e fundador da Congregação do Santíssimo Salvador, patrono dos confessores e teólogos da teologia moral Santo Afonso de Ligório afirmou com categoria: “Que reza se salva. Quem não reza, certamente se condena. “Digo  e repito e repetirei sempre, enquanto tiver a vida, que toda a nossa salvação está na oração”.
    E para finalizar essas pequenas citações sobre a oração, termino com o pensamento da gloriosa e amadíssima Santa Teresinha do Menino Jesus, Doutora da Igreja e padroeira das missões: “Ah! É a oração, é o sacrifício que fazem toda minha força. São as armas invencíveis que Jesus me deu e, bem mais do que as palavras, podem tocar as almas. Fiz muitas vezes essa experiência”.
    CONCLUSÃO
    Seguir Jesus Cristo é amar e viver seus ensinamentos. Na oração o modelo maior é oração do PAI NOSSO. Precisamos explorar a riqueza da oração. Mergulhar a alma no Oceano de oração. Três coisas para a alma viver no Oceano de oração: “Tempo, vontade e ação”. O tempo, que é o belo presente de Deus, deve ser vivido na graça do amor, do perdão, da meditação e no dialogo com Deus. À vontade, que é nosso desejo de forma radical para fazer a vontade de Deus, praticar boas obras e se jogar nos braços do Pai contra as tentações demolidoras. A ação, que é o hábito de orar em todo tempo e lugar. A ação leva-nos buscar métodos sobre a prática abissal do Oceano de oração. A nossa fortaleza e a nossa felicidade estão no trato com a oração. Essa experiência faz a alma caminhar com segurança na estrada da vida. Ganhamos tudo de excelente por meio da oração. A vida sobrenatural é verdadeira pelo espírito da oração. Para vida mística – unitiva – contemplativa o fundamento é o ardor da oração.
    Nosso Senhor Jesus Cristo se faz tão presente com atos de sublime misericórdia no coração de quem ora e ama, cuja vida leva muitas pessoas a contemplar a face do bom Deus.

  • A alegria do Senhor


    • Não faz bem para as pessoas uma vida calcada em atitudes de tristeza, de desânimo e sem capacidade de reais iniciativas. Isso não é próprio dos que procuram se apoiar numa espiritualidade de adesão e de sintonia com o Senhor, com o Mestre da vida, Jesus Cristo. Aí está a fonte verdadeira da alegria.
      Ser pobre e oprimido, mesmo com os sofrimentos que isto causa, não é motivo de tristeza. Por outro lado, a riqueza material e a liberdade nem sempre proporcionam a autêntica alegria. Poderão ocasionar uma falsa alegria! Elas não conseguem, às vezes, atingir a identidade da pessoa.
      A alegria é um estado de espírito que vem do amor, da entrega total da vida ao outro no sentido de doação e de reconstrução da própria identidade. Isto é mais forte quando feito às pessoas mais simples e oprimidas. Tem relevância na sensibilidade para com os que sofrem com as catástrofes, os flagelados.
      A sociedade é um todo, como um corpo, formada por membros diversos e com funções diferentes. Não importa ser livre ou escravo. Importa colocar as qualidades recebidas e dons naturais a serviço do bem comum de todos.
      O mal é capaz de criar os pobres e de colocá-los em desespero, porque tira deles a esperança. É preciso abrir para eles novos horizontes e capacidade de reerguimento. Só a Palavra de Deus é capaz de dar luz e estabelecer a liberdade, condição fundamental para acontecer a verdadeira alegria.
      A força do Espírito do Senhor questiona e salva a humanidade, começando pelos mais simples e excluídos. Proporciona aos membros da comunidade a capacidade de comunicação e de serviço de uns para com os outros, na solidariedade e na fraternidade, não deixando que a tristeza domine as pessoas.
      A lei do amor liberta e supera as leis que oprimem os indivíduos no aspecto físico, econômico e político. Ela tem o projeto de vida, de liberdade e de salvação. É preciso despertar as consciências desfalecidas diante do que é negativo na cultura moderna.
      Dom Paulo Mendes Peixoto – CNBB

    Jesus ora por nós, ora em nós, e recebe a nossa oração


    • Deus não poderia conceder dom maior aos homens do que dar-lhes como Cabeça a sua Palavra, pela qual criou todas as coisas, e a ela uni-los como membros, para que o Filho de Deus fosse filho do homem, um só Deus com o Pai, um só homem com os homens. Por conseguinte, quando dirigimos a Deus nossas súplicas, não separemos dele o Filho; e quando o Corpo do Filho orar, não separe de si sua Cabeça. Deste modo, o único salvador de seu corpo, nosso Senhor Jesus Cristo, é o mesmo que ora por nós, ora em nós e recebe a nossa oração.
      Ele ora por nós como nosso sacerdote; ora em nós como nossa cabeça e recebe a nossa oração como nosso Deus. Reconheçamos nele a nossa voz, e em nós a sua voz. E quando se disser sobre o Senhor Jesus, sobretudo nos profetas, algo referente àquela humilhação aparentemente indigna de Deus, não hesitemos em lhe atribuir, já que ele não hesitou em fazer-se um de nós. É a ele que toda a criação serve, porque todo o universo é obra de suas mãos.
      Por isso, contemplamos sua divindade e majestade, quando ouvimos: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. No princípio estava ela com Deus. Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez (Jo 1,1-3). Mas se nesta passagem contemplamos a divindade do Filho de Deus que supera as mais excelsas criaturas, ouvimos também em outras passagens da Escritura o mesmo Filho de Deus que geme, ora e louva.
      Hesitamos então em atribuir-lhe tais palavras, porque nosso pensamento reluta em passar da contemplação de sua divindade à sua humilhação, como se fosse uma injúria reconhecer como homem aquele a quem orávamos como a Deus; por isso, o nosso pensamento fica muitas vezes perplexo, e esforça-se por alterar o sentido das palavras. Porém, não encontramos na Escritura recurso algum para aplicar tais palavras senão ao Filho de Deus, sem jamais separá-las dele.
      Despertemos, pois, e estejamos vigilantes na fé. Consideremos aquele que assumiu a condição de servo, a quem há pouco contemplávamos na condição de Deus; tornando-se  semelhante aos homens e sendo visto como homem, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até á morte (cf. Fl 2,7-8). E quis tornar suas as palavras do salmo, ao dizer, pregado na cruz: Meu Deus, por que me abandonaste? (Sl 21,1).
      Ele ora na sua condição de servo, e recebe a nossa oração na sua condição de Deus; ali é criatura, aqui o Criador; sem sofrer mudança, assumiu a condição mutável da criatura, fazendo de nós, juntamente com ele, um só homem, cabeça e corpo. Nossa oração, pois se dirige a ele, por ele e nele; oramos juntamente com ele e ele ora juntamente conosco.
      Dos Cometários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, 

    quarta-feira, 13 de julho de 2011

    Jovem: “a verdade vos libertará.”


    • “A educação consiste em despertar nas consciências a  verdade que está dentro das consciências, de maneira que elas se tornem capazes de raciocinar por si mesmas, de julgar por si, de se tornar livres num mundo em que a liberdade é um risco, uma conquista e nunca um dado de fato ou um dom já enraizado. “
      Sendo essa a natureza e a finalidade da educação, é indispensável dar à pessoa condições de alcançar o objetivo, isto é, de captar a verdade para administrar, depois, sua própria liberdade. É esse o sentido profundo das palavras de Jesus no Evangelho.
      É também o verdadeiro problema para a cultura em que a atual geração de jovens vive: hoje – importa ressaltar – não é só a liberdade que constitui uma conquista, mas também a verdade a respeito de si. Seria ingênuo considerá-la previsível. Quem não descobre sua própria verdade, nunca será livre.
      Partimos do princípio de que o jovem deve tornar-se educador de si mesmo, isto é, ele mesmo deve tornar-se capaz de “extrair” de si (=educere) a sua verdade.
      a)    Comportamentos
      Antes de tudo, a atenção deve ser dirigida à conduta, àquilo que é imediatamente visível ou facilmente perceptível; sobretudo aos comportamentos habituais, aos gestos ou aos modos de agir que a pessoa repete até mesmo em ambientes diferentes e com pessoas diferentes ou que reconhece também em seu passado; aos comportamentos já arraigados; àquilo que ela diz com uma certa freqüência ou que sublinha com igual urgência. Sobretudo, se depois percebe uma certa discrepância entre o que ela diz ou pretende (dos outros, mas também de si) e o que de fato faz.
      Em geral, o jovem fica chocado com a distância que existe (e é evidente) entre os valores proclamados e os valores (não) vividos. Contudo, é essa mesma diferença que ele deve descobrir.
      b)     Atitudes
      No segundo nível de observação, o olhar torna-se mais penetrante e desce mais em profundidade.
      Geralmente, parte-se da “área de incoerência” antes detectada, para se tentar captar não só o que aparece evidente de imediato, mas também o que não é tão evidente e, mesmo assim, faz parte do eu. De fato, as atitudes são predisposições a agir, como “programas de ação”, já memorizados em nosso “computador”, conscientes e também inconscientes, prontos para o uso como um esquema fixo e estável e dos quais derivam subjetivos estilos de ação e critérios de escolha, modos estereotipados de julgar os outros e simpatia/antipatias, atrações e repulsas imediatas, estados de ânimo e nervosismos. Aquela incoerência, como toda incoerência, tem aqui as suas raízes.
      Uma certa inquietação, durante essa análise, é bom sinal: significa que o jovem está no caminho certo e também descobrindo seus pequenos ídolos. Normalmente, as atitudes não são muitas, não se identificando com os comportamentos, mas tocam as áreas estratégicas do nosso ser, a relação com as nossas escolhas de vida, com os outros, com Deus.
      Em geral, estamos muito apegados às atitudes. Por isso, não é fácil atacá-las e mudá-las, especialmente quando não se tornam nunca objeto de atenção crítica.
      c)    Sentimentos
      A terceira passagem vem por si mesma. Uma vez superada a barreira do que é imediatamente visível, não deveria ser difícil levar a análise adiante para perceber, com sinceridade, o que o sujeito experimenta dentro de si ou experimentou naquela precisa circunstância, quando recebeu uma ofensa ou se sentiu marginalizado.
      O sentimento é uma ressonância afetiva com a qual o jovem vive os seus estados subjetivos no relacionamento com o mundo exterior. Nasce como emoção que se torna, aos poucos, estável e pode chegar a ser tão intensa que pode passar a ser paixão.
      Existem vários tipos de sentimentos: amor, ódio, alegria, tristeza, esperança, desespero, bem-aventurança, êxtase, plenitude, vazio interior… Normalmente uma pessoa experimenta uma certa variedade de sentimentos que, no fundo, além de ser um precioso indicador, constituem uma riqueza do coração humano. Todavia, há também quem os teme, os sataniza ou envergonha-se deles ou tem medo de descobrir que é capaz de ter sentimentos negativos, ódio ou ressentimento, e procura, de certa forma, negá-los, até se tornar pessoa “anemotiva”, incapaz totalmente de experimentar sentimentos, fria e rígida como bacalhau. Seria uma grave anomalia para uma pessoa consagrada! Também porque, sem conhecer o próprio coração, como poderá comunicar-se com um outro coração?
      O jovem deve aprender esse princípio: por meio do envolvimento emotivo e do tipo de emoção experimentada, o eu se revela a si mesmo. Por conseguinte, vale a pena ser sincero consigo mesmo para educar (= extrair) os sentimentos.
      d)    Motivações
      Dos sentimentos às motivações ou à tentativa de identificar o que realmente leva jovem a agir, as necessidades que nele prevalecem, mesmo se inconscientes.
      A motivação é o fator dinâmico-direcional que ativa e dirige o comportamento humano para um objetivo preciso. É energia com algo certeiro, força intencional. É o que a pessoa quer realmente, embora – às vezes – não o compreenda e até em oposição a outros objetivos declarados e… nobres. Aqui o jovem deve procurar captar a orientação geral da sua vida, daquilo que pretende realizar, como vem à tona pelas várias motivações que colhe na base do seu ser e agir.
      Então, já não é suficiente a sinceridade. É preciso chegar à verdade de si, por meio de perguntas precisas: estou agindo com base em necessidades egoístas ou visando a motivos transcendentes?

    Parada Gay: respeitar e ser respeitado

    Eu não queria escrever sobre esse assunto; mas diante das provocações e ofensas ostensivas à comunidade católica e cristã, durante a Parada Gay deste último domingo, não posso deixar de me manifestar em defesa das pessoas que tiveram seus sentimentos e convicções religiosas, seus símbolos e convicções de fé ultrajados.


    Ficamos entristecidos quando vemos usados com deboche imagens de santos, deliberadamente associados a práticas que a moral cristã desaprova e que os próprios santos desaprovariam também. Histórias romanceadas ou fantasias criadas para fazer filmes sobre santos e personalidades que honraram a fé cristã não podem servir de base para associá-los a práticas alheias ao seu testemunho de vida. São Sebastião foi um mártir dos inícios do Cristianismo; a tela produzida por um artista cerca de 15 séculos após a vida do santo, não pode ser usada para passar uma suposta identidade homossexual do corajoso mártir. Por que não falar, antes, que ele preferiu heroicamente sofrer as torturas e a morte a ultrajar o bom nome e a dignidade de cristão e filho de Deus?!


    “Nem santo salva do vírus da AIDS”. Pois é verdade. O que pode salvar mesmo é uma vida sexual regrada e digna. É o que a Igreja defende e convida todos a fazer. O uso desrespeitoso da imagem dos santos populares é uma ofensa aos próprios santos, que viveram dignamente; e ofende também os sentimentos religiosos do povo. Ninguém gosta de ver vilipendiados os símbolos e imagens de sua fé e seus sentimentos e convicções religiosas. Da mesma forma, também é lamentável o uso desrespeitoso da Sagrada Escritura e das palavras de Jesus – “amai-vos uns aos outros” – como se ele justificasse, aprovasse e incentivasse qualquer forma de “amor”; o “mandamento novo” foi instrumentalizado para justificar práticas contrárias ao ensinamento do próprio Jesus.


    A Igreja católica refuta a acusação de “homofóbica”. Investiguem-se os fatos de violência contra homossexuais, para ver se estão relacionados com grupos religiosos católicos. A Igreja Católica desaprova a violência contra quem quer que seja; não apoia, não incentiva e não justifica a violência contra homossexuais. E na história da luta contra o vírus HIV, a Igreja foi pioneira no acolhimento e tratamento de soro-positivos, sem questionar suas opções sexuais; muitos deles são homossexuais e todos são acolhidos com profundo respeito. Grande parte das estruturas de tratamento de aidéticos está ligada à Igreja. Mas ela ensina e defende que a melhor forma de prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis é uma vida sexual regrada e digna.


    Quem apela para a Constituição Nacional para afirmar e defender seus direitos, não deve esquecer que a mesma Constituição garante o respeito aos direitos dos outros, aos seus símbolos e organizações religiosas. Quem luta por reconhecimento e respeito, deve aprender a respeitar. Como cristãos, respeitamos a livre manifestação de quem pensa diversamente de nós. Mas o respeito às nossas convicções de fé e moral, às organizações religiosas, símbolos e textos sagrados, é a contrapartida que se requer.


    A Igreja Católica tem suas convicções e fala delas abertamente, usando do direito de liberdade de pensamento e de expressão. Embora respeitando as pessoas homossexuais e procurando acolhê-las e tratá-las com respeito, compreensão e caridade, ela afirma que as práticas homossexuais vão contra a natureza; essa não errou ao moldar o ser humano como homem e mulher. Afirma ainda que a sexualidade não depende de “opção”, mas é um fato de natureza e dom de Deus, com um significado próprio, que precisa ser reconhecido, acolhido e vivido coerentemente pelo homem e pela mulher.


    Causa preocupação a crescente ambiguidade e confusão em relação à identidade sexual, que vai tomando conta da cultura. Antes de ser um problema moral, é um problema antropológico, que merece uma séria reflexão, em vez de um tratamento superficial e debochado, sob a pressão de organizações interessadas em impor a todos um determinado pensamento sobre a identidade do ser humano. Mais do que nunca, hoje todos concordam que o desrespeito às leis da natureza biológica dos seres introduz neles a desordem e o descontrole nos ecossistemas; produz doenças e desastres ambientais e compromete o futuro e a sustentabilidade da vida. Ora, não seria o caso de fazer semelhante raciocínio, quando se trata das leis inerentes à natureza e à identidade do ser humano? Ignorar e desrespeitar o significado profundo da condição humana não terá consequências? Será sustentável para o futuro da civilização e da humanidade?


    As ofensas dirigidas não só à Igreja Católica, mas a tantos outros grupos cristãos e tradições religiosas não são construtivas e não fazem bem aos próprios homossexuais, criando condições para aumentar o fosso da incompreensão e do preconceito contra eles. E não é isso que a Igreja Católica deseja para eles, pois também os ama e tem uma boa nova para eles; e são filhos muito amados pelo Pai do céu, que os chama a viver com dignidade e em paz consigo mesmos e com os outros.


    Card. Odilo P. Scherer-Arcebispo de São Paulo

    Nós colhemos o que semeamos


    • O quanto e como damos é a medida do que recebemos. O banco da vida é justo e nos devolve o mesmo que antes depositamos. São Paulo nos adverte, baseado em sua própria experiência: “O que alguém tiver semeado, é isso que vai colher. Quem semeia na sua própria carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gal 6, 7-8).
      No Cânion do Colorado, um pai passeava com seu filho de sete anos. A manhã estava quente e o sol resplandecia num céu aberto. De repente, o pequeno cai, machuca o joelho e grita: “aaaaaahhhhh!!”
      Para sua surpresa, ouve uma voz oculta que também se queixa: “aaaaaaaaahhhhhhh!!”
      Curioso o menino grita: “Quem está aí?”
      Das profundezas do Cânion, uma voz lhe faz a mesma pergunta: “Quem está aí?”
      Irritado com a resposta anônima, o menino grita: “Covarde, por que se esconde?”.
      Do outro lado, alguém lhe responde agressivamente: “Covarde, por que se esconde?”.
      O menino olha para o pai e pergunta: “Que acontece?”.
      O pai sorri e lhe diz: “Meu filho, preste atenção”.
      Então, o pai grita para a montanha: “Te admiro”.
      Do fundo do Cânion, alguém lhe confessa várias vezes: “te admiro, te admiro, te admiro”.
      Mais uma vez o homem exclama: “És um campeão”.
      A voz lhe responde: “És um campeão, campeão, campeão”.
      O pai sussurra em voz baixa: “Te amo”.
      A voz lhe responde com suavidade: “Te amo, te amo, te amo”.
      O pequeno fica espantado, porém, não entende.
      O pai lhe explica olhando em seus olhos: “Nós chamamos isso de eco, filho, porém, na realidade, é a vida”.
      E acrescenta em voz alta: “Ela te devolve o que diz ou faz…”
      Cada um colhe e recebe o que tem semeado e feito.
      Se desejas mais amor neste mundo, semeia amor ao teu redor. Porém, se desejas pouco amor, dá pouco [amor]. Se esperas felicidade, dá felicidade a quem te cerca. Se queres sorriso e bênçãos, sorri e abençoa. Se gostas de colher desprezo, menospreza. Se desejas bem materiais, compartilha-os. Se busca amigos, faze-os. Se preferes solidão, fecha-te em ti mesmo. Se te interessa o meio ambiente, semeia uma árvore e não contribua com o aquecimento do planeta. Se necessitas que te escutem, escuta os demais.
      Se até o dia de hoje tens colhido solidão, enfermidade, tristeza, traições, não culpes os outros. Antes, reveja suas atitudes, as sementes que tens semeado, e mude se preciso for, para que, rápido, muito rápido, possas colher frutos abundantes e permanentes (cf. Jo 16, 8-16).
      José H Prado Flores
      Pregador internacional, Fundador e Diretor Internacional
      das Escolas de Evangelização Santo André

    terça-feira, 12 de julho de 2011

    O Amor



    William Shakespeare tornou célebre história de dois apaixonados. Não existe evidência histórica que possa atestar ou não a existência de Romeu e Julieta. O casal, filhos de famílias rivais protagonizam uma paixão que os faz ultrapassar adversidades. O final é típico de uma tragédia. Romeu suicida-se e Julieta envenena-se. Mesmo que eternizado pelo romantismo Romeu e Julieta não serve como exemplo, ou modelo de amor para enamorados cristãos, pois o verdadeiro apaixonado acima de tudo tem um sentido maior na sua vida.


    O que é o amor? Deus é o único e verdadeiro amor. Todos os outros, se forem amor de verdade, é um desdobramento do amor de Deus. E esse é o amor que precisa existir entre você e a pessoa amada.


    O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará. 1º Coríntios 13, 4-8.


    O amor entre um homem e uma mulher mantém no mundo uma esperança de mudança. É um amor forte, inato e capaz de gerar vida, superar diferenças e dissipar o egoísmo. Quando falta esse amor as complicações não tardam em chegar.


    É bem verdade um número significativo de pessoas que estão feridas por experiências frustradas ou não correspondidas em seus relacionamentos. É preciso superar traumas, sobretudo na afetividade. Ter tido uma experiência dolorosa ou decepcionante na área sentimental não pode congelar todo o restante da existência. O remédio eficaz para esses males é o perdão. Como é preciso nos relacionamentos dar e aceitar o perdão. É um ato de esvaziamento, no entanto pode revigorar um relacionamento, retirá-lo do precipício e mesmo libertar quem se encontra na prisão do ódio, do rancor e da tristeza.


    O amor não é cego como se costuma dizer, aliás, ele enxerga muito bem. Vê o que ninguém consegue vislumbrar no outro. Na ótica do amor o defeito da pessoa amada não é muro, mas ponte. Num sincero relacionamento esses defeitos podem ser corrigidos e superados.


    O importante é descobrir ou redescobrir quão belo é o amor humano a partir do amor de Deus. Deus está conosco e não é de forma alguma indiferente ao que sentimos. Este amor apaixonado de Deus por nós é motor que deve impulsionar o nosso amor e torná-lo potente e fecundo.


    O amor é nosso tema do Acampamento PHN 2011. É o amor de Deus que move toda a obra Canção.#OAmorJamaisAcabará ”    #PHN 2011




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    TEXTO RETIRADO DO BLOG DO DUNGA(idealizador do PHN)...LINK ai : http://blog.cancaonova.com/dunga/o-amor/

    Assim rezava quando era jovem











  • Não há dúvida que os jovens são a grande força do amanhã em todos os campos. O amanhã depende dos jovens que hoje se preparam para assumir os cargos políticos ou de trabalho e também na Igreja. O Papa de amanhã é um jovem de hoje que, desejoso de se doar a Deus, encaminha-se pela estrada do sacerdócio; será um dia escolhido para ser Bispo, depois Cardeal e, enfim, entre tantos participantes de um conclave, será eleito Papa, então guiará a Igreja pelos novos caminhos da história. Não há como fugir desta lei tão simples e tão fundamental da vida.
    Os jovens gostam de rezar?
    Nas minhas andanças por este Brasil e mundo afora, tem me dado grande alegria conhecer jovens que têm gosto pela oração. Todo jovem é como vinho novo, que tem sua efervescência e vitalidade; coloca em tudo o que faz entusiasmo e vida, sabe experimentar a presença de Deus como o consolador e confortador, aquele que vem ajudar em todos os momentos da vida.
    O jovem deixa-se envolver pelo entusiasmo e todos os seus sentimentos cantam a alegria da vida. A espontaneidade juvenil é o que mais toca aos que os olham enquanto rezam. Escutar as orações dos jovens é ver-se envolvido em tantos sentimentos fugazes e profundos ao mesmo tempo. O jovem não sabe deixar-se envolver pela reflexão, ele é sempre aquele grito de amor apaixonado; é também o grito da revolta diante de tantas situações que levam a marca do sofrimento, da fome, da miséria e do desespero.
    Não há dúvida que os jovens sentem-se à vontade nos movimentos carismáticos, porque aí encontram o seu “lugar e espaço sagrados” para exteriorizar tudo o que se passa dentro deles. É na dança, na coreografia religiosa, no teatro, nos cantos alegres e amorosos que tudo se faz vida e experiência de amor. O sorriso e as lágrimas se misturam numa sóbria sabedoria. Nós, mais adultos, precisamos parar um pouco, sair de nós mesmos e voltar à nossa juventude para assim compreender a oração dos jovens de hoje. Não podemos contemplar somente de longe, é preciso deixar-se envolver e, quando não os compreendemos, assumir uma atitude de silêncio, de respeito por aquilo que se passa dentro do coração deles…
    Quais são os problemas que atormentam o coração do jovem?
    Todo jovem gosta de encontrar amigos e, em determinados momentos da vida, sente-se terrivelmente sozinho e reclama diante de Deus por isso; e pede amigos para partilhar a vida, para vencer a solidão, para sentir-se parte do mundo que lhe parece grande demasiado, para não se perder.
    A solidão é terrível em qualquer etapa da vida, mas especialmente na juventude. Lembro que, quando era jovem, isto é, 40 anos atrás… tantas vezes me surpreendia silenciosamente e com os olhos fixos para o céu, pedindo a Deus a graça de encontrar amigos que me ajudassem a me abrir à vida e me ensinassem a vencer os momentos de solidão. Era pastor e sempre ocupado com as minhas ovelhas, que não me ajudavam muito a compreender os problemas da vida; elas estavam ocupadas em procurar alimento e eu, pobre também, me recordava de vez em quando que estava com muita fome… mas o desejo de ter amigos era muito grande… Depois, escutando as orações dos jovens, me convenci que todo “jovem normal” sente o desejo de sair do seu mundo pequeno e restrito, de fugir dos que não o entendem e buscar alguém que possa acolhê-lo.
    Como eu rezava quando era jovem…
    Este artigo me tem obrigado a parar e voltar no tempo, quando tinha entre 15 e 23 anos, no início da minha vida carmelitana; a oração passou por tantas modificações que às vezes não é fácil me reconhecer no que desejava, no que pedia e na forma como pedia. O mesmo percebemos lendo a “História de uma alma”, de Santa Teresinha do Menino Jesus, identificamos como ela, voltando no tempo, tenta recordar como rezava quando se encontrava no mosteiro das Irmãs Beneditinas, “escondia-se atrás da cortina, e dizia que estava pensando”. Também lendo as primeiras cartas dela notamos que a sua oração foi evoluindo até a sua maturidade espiritual.
    Gostaria de evidenciar alguns aspectos da minha oração juvenil para que os jovens possam também se reconhecer nesse estado de espírito que eu vivia.
    Deus, para mim, aos 15 anos, era o Senhor do mundo, que deveria atender meus pedidos: uma vida melhor economicamente, porque minha mãe era pobre e viúva e não podia me dar o que eu via em meus colegas e eu não podia me permitir aquele luxo. A pergunta que surgia era a seguinte: “Por que os outros podem e eu não; por que Deus está sendo injusto comigo, que sou um menino ‘órfão’, sofrido e sem ninguém?” Recordo que esse tipo de oração era muito freqüente e às vezes achava justo ter inveja e ciúme dos outros, e quando Deus não me dava o que desejava, batia os pés e fazia todo tipo de mortificações que podia. Tinham-me ensinado que sem sacrifício Deus não atende… Os jovens de hoje também são capazes de fazer qualquer sacrifício físico, jejuns, para obter de Deus a graça. Aos quinze anos a graça era querer “arrancar” com força os benefícios divinos.
    A riqueza me fascinou por pouco tempo. Também pedi a Deus, mas muito de passagem, a graça de ter uma família, porém quase imediatamente me apaixonei pela vida religiosa.
    A minha oração era querer uma vida diferente e suplicava ao Senhor que Ele me desse a possibilidade de sair de casa. Queria ser padre, provavelmente em mim aconteceu o que acontece ainda com tantos jovens: achava que o padre tinha uma vida tranqüila, cômoda, não lhe faltava nada e ele não tinha problemas… O exemplo do meu vigário suscitava em mim o desejo de imitá-lo. Ele tinha uma boa voz e eu me esforçava, indo atrás do rebanho, para cantar, mas… nisto não vinguei e continuo a ser mais desentoado que sino rachado. Mas tudo isso fazia parte de minha vida e sonhava, sonhava, sonhava… com uma vida de vigário, dirigindo uma paróquia e estando à frente dos fiéis. Sonho que também nunca se realizou, porque mais tarde pedi ao Senhor a vida religiosa; achava esta mais bonita e pensava que os religiosos fossem mais santos que os diocesanos… mas também vi que isso nem sempre é verdade.
    Pedi ao Senhor para estudar, ser inteligente, gostava de ler e queria saber tudo de cor. Havia em mim grandes sonhos e desejos que sempre pedia como criança diante do Senhor.
    Outro aspecto de minha oração era a preocupação com os pobres. Ficava indignado quando via as injustiças acontecerem entre os “sem voz nem vez”. Então rezava ao Senhor para que fizesse justiça, que ajudasse os pobres a ter o mínimo necessário para sobreviver, que lhes proporcionasse meios para melhorar de vida.
    A espontaneidade é outro aspecto da minha oração juvenil. Como todo jovem, eu era o que era e não media as palavras para falar com Deus. E Ele sempre me entendeu.
    Há, no coração de jovem, sonhos e ideais que nem sempre são possíveis de expressar; são os momentos de silêncio que nos permitem ver o nosso rosto como num espelho embaçado, sem nitidez…
    Mais tarde, duas jovens carmelitas descalças me ajudaram a compreender a oração dos jovens: Santa Teresa de Los Andes, que entrou no Carmelo aos 19 anos e morreu antes de completar 20; o seu diário traça o perfil de uma jovem generosa, desejosa de ser amada e de amar, que encontra no Senhor toda a sua alegria, aquele Deus que ela gosta de chamar “Deus, alegria infinita”. A outra é Elisabeth da Trindade, que entrou no Carmelo de Dijon – na França – aos 21 anos e lá sentiu bem forte a presença de Deus, descobrindo-o como “habitante do seu coração”; ela o chamava carinhosamente “o meu três”. “É tão linda esta presença de Deus! Como gosto de encontrá-la aqui, no mais profundo do meu ser, no céu da minha alma, pois Ele jamais me abandona… Parece-me ter encontrado o meu céu na terra, porque o céu é Deus e Deus está na minha alma. O dia em que compreendi isto, tudo se iluminou dentro de mim e muito gostaria de sussurrar este segredo àqueles que amo.”
    O que dizer aos jovens:
    Hoje, teria um conselho para dar aos jovens: não importa o que se passa dentro do coração, o que importa é sentir Deus como o amigo que nos escuta e nos acolhe em qualquer momento: antes, durante e depois das fugas; como o pai da parábola, quando voltamos, Deus se lança ao nosso pescoço, nos abraça e nos cobre de beijos…
    A oração de todo jovem deve, continuamente, ser “borbulhante” como vinho novo, cheia de sentimentos contraditórios, mas sinceros. Que a oração do jovem surja de sua vida e que possa apresentar a Deus o que dentro dele se passa.
    Nos retiros que ministro para jovens, tenho-lhes aconselhado a “escrever” para Deus o que gostariam de dizer a Ele. Na leitura dessas orações, percebe-se o que se passa dentro deles; são orações que despertam em nós grandes interesses. Recordo uma oração que dizia: “Senhor, tu és um cara legal, bom, mas tens um defeito: fazer-me esperar demais pelo que te peço; já estou desanimado de pedir”.
    Outro queria que Deus lhe arrumasse uma namorada; a pedia tão perfeita que, provavelmente, diante dela Deus mesmo perderia a sua perfeição. São desejos de jovens que Deus compreende. O que importa é saber que a oração tem sua expressividade em cada idade, e Deus é totalmente o Outro que nos escuta sempre de forma personalizada e própria.
    Não há esquemas para rezar, é deixar o coração amar e desabafar, e quem melhor do que um jovem sabe fazer isso? Que os jovens continuem a ser eles mesmos e a surpreender-nos com suas orações corajosas, ousadas, cheias de entusiasmo e de lágrimas… E que Maria, boa educadora de Jesus jovem, continue a educar todos os jovens na escuta do Evangelho e de tudo o que Jesus continua a dizer para todas as idades e épocas da história.

    Frei Patrício Sciadini, ocd
  • Efeitos da TV no comportamento das crianças e jovens









  • Este é um diálogo comum e corriqueiro em muitos lares “cristãos”!… A televisão tomou o lugar do aconchego, da proximidade, da interação familiar. E os cuidados paternos foram transferidos para ela. Até a própria situação geográfica que ocupa nas residências, seja de que classe social for, é sempre privilegiada. Instala-se confortavelmente no lugar mas nobre da sala. Quando se trata de pessoas mais abastadas financeiramente, cada quarto possui seu aparelho de TV, isolando os componentes familiares em seu território individual e particular.
    Analisar o efeito que a televisão produz sobre as pessoas e, principalmente, sobre as crianças apenas pelo lado negativo, seria considerado uma visão parcial, segmentada. Devemos considerar que há programas excelentes, que podem ensinar uma vasta gama de habilidades e condutas importantes para o desenvolvimento social, bem como aceleram o aprimoramento lingüístico das crianças, sua imaginação, curiosidade e inteligência.
    As crianças são motivadas, muitas vezes, a aprender e a crescer a partir de imagens, idéias e descobrimento de culturas diversas, ricas e que formam o todo da humanidade.
    Através da televisão, o mundo inteiro entra em sintonia em questão de segundos, via satélite. Ficamos, desse modo, informados e podemos desfrutar de momentos de profunda beleza.
    Convém, no entanto, alertar para a forma e a intensidade com que as pessoas, e principalmente, as crianças, assistem a televisão.
    As pesquisas indicam que as crianças com idade entre 6 e 11 anos assistem à televisão em média vinte e cinco a trinta horas por semana (Projeto Lobato-Rio). Na época em que estão terminando o 1º Grau, já acumularam em torno de vinte e mil e quinhentas horas de freqüência às aulas. Os jovens gastam mais tempo assistindo à televisão do que consomem em conjunto comendo, lendo e brincando.
    Violência e Sensualidade
    Eduardo Santoro, um psicólogo da Venezuela, preocupado com a programação infantil da TV, realizou uma pesquisa que mostra até que ponto o mundo da criança se molda a partir dos valores, comportamentos e ideologias contidas nas emissões: em vez de fazer perguntas sobre suas preferências, ele deu às crianças uma folha de papel onde havia o desenho de vários vídeos de televisores em branco e pediu que desenhassem uma história, como as que são vistas nos programas de televisão.
    Os resultados foram interessantes. Após análise dos desenhos, constatou o predomínio da violência: 37% das histórias abordavam esse tema, enquanto que o tema amor chegou apenas a 2%.
    Logo depois, ao serem indagados sobre o motivo da história, 32% das respostas foram a possessão de materiais, aquisição de dinheiro, riqueza, etc… quanto à condição econômica dos personagens, 57% dos bons eram ricos e 100% dos maus, pobres.
    Estes dados são preocupantes pelo teor, pela mensagem que vai sendo introjetada nas crianças e jovens.
    Os filmes que passam na televisão brasileira, geralmente importados, apresentam em média 5,7 cenas de assassinato, estupro, incesto e outras atrocidades por filme.
    Por seu lado, os relacionamentos afetivos veiculados são em sua maioria, via novelas, baseados no sexo e na sensualidade deturpada, cheia de chantagens, adultério, fornicação, sem o respeito ao outro, sem laços de afeto, tornando-se difícil para o adolescente que inicia seus primeiros passos sexuais, compreender como se ama, como se expressa carinho e afetividade sem ser necessário e unicamente pela genitalidade, ocasionando dúvidas e transtornos emocionais, muitas vezes irreversíveis.
    Sobre os comerciais
    Samuel Pfromm Neto, pesquisador, concluiu através do livro “Tecnologia da Educação e Comunicação de Massa” que as crianças brasileiras estão vendo mais televisão do que as de outros países e que isto tem repercutido no padrão de consumo da nação. Demonstrou ele que os comerciais de televisão também podem gerar problemas diversos. A criança comum assiste a mais de quatrocentos comerciais por semana, mais de vinte mil por ano. 82% deles tratam de alimentação, bolos, lanches, doces, etc… 12% dos comerciais referem-se a brinquedos. Essa pressão constante sobre as crianças para que desejem algo que estejam vendo pode distorcer sua capacidade de ver e avaliar com equilíbrio o que lhes vem pela frente. Os pais são levados a qualquer sacrifício pois “Toda menina tem que ter uma Barbie”.
    As crianças e também os adultos, segundo Charles Atkins, consumindo as emissões publicitárias, passam a gostar e acreditar mais nos produtos anunciados: “Danoninho, vale por um bifinho…”. Mesmo que não valha, vultosas somas de dinheiro são empregadas em alimentos sem real valor nutritivo, imposto pela indústria cultural. A tendência é obter estes produtos a todo custo, integrado-os desde cedo aos aspectos consumistas da sociedade moderna. A televisão impõe a cultura.
    Não se tem uma linguagem própria, não se caminha com os próprios pés, perde-se a identidade, como lemos em Sab 15,15-18: “Recebem a alma de empréstimo. Não podem servir-se de seus olhos para ver, nem de nariz para aspirar o ar, nem ouvidos para ouvir e os pés são incapazes de andar”. O homem passa a não pensar por si, começa a “cultuar ídolos mais odiosos que os piores animais irracionais”, e recorre a eles nos perigos iminentes. Vemos agora como característica de programas infantis, principalmente, a invasão do vídeo por monstros estrangeiros: são vampiros, serpentes gigantescas, robôs e máquinas eletrônicas inteligentes, múmias e fantasmas, bons e maus. Eles são destruidores, atacam sem pretexto, surgem de repente, destroem e desaparecem sem qualquer explicação. Responsáveis pelo sono agitado das crianças que, ao mesmo tempo, temem e reverenciam tais figuras. Não parece estranho? Diabólico? E quando as crianças vão ao revide em situações do dia-a-dia na escola com os coleguinhas, reagem tendo como padrão, como referencial e modelo, os modos, trejeitos, caretas e malignidade que não são seus, mas dos monstros televisivos…
    Não só as crianças, também os jovens. Lembremo-nos do episódio de Marco Antônio, que no fulgor dos seus 16 anos, foi massacrado por outros jovens da mesma faixa etária, em Brasília, tendo como pano de fundo as lutas marciais, que são veiculadas em filmes heróicos pela TV.
    “Fomos seduzidos pelas invenções da arte corruptora dos homens… borradas figura de cores misturadas, cuja vista exercita os desejos insensatos, fantasma inanimado de uma imagem sem vida que provoca a paixão, os desejos desenfreados…” (Sab 15,4-5).
    O que fazer
    Quando as crianças estão “de olho na tela”, não estão conversando com outras pessoas. E quem falar na hora da novela ou do noticiário, é bem capaz de apanhar, mesmo que não tenha visto os pais durante o dia inteiro, mas nada é mais importante, naquele momento, do que aquela notícia.
    Quando a família está “reunida” em torno da TV, em silêncio, está vivendo através da vida de outras pessoas, em vez de viver sua própria vida. A vida real é mascarada. Os problemas comuns não são resolvidos, os diálogos adiados e os laços afrouxados.
    O que fazer? Vender a televisão? Proibir peremptoriamente que as pessoas assistam aos programas costumeiros?
    Para responder, recorramos ao livro do Eclesiastes 11,6: “Semeia a tua semente desde a manhã e não deixe tuas mãos ociosas à noite”. É precioso pensar a educação dos filhos e da família com responsabilidade. Para educar é preciso desgaste físico, tempo investido. É preciso morrer um pouco em relação à acomodação e ao “relaxamento”.
    Se as crianças ainda são pequenas, melhor ainda, você pode criar situações divertidas como recortar, fazer montagem, brincar de cozinha, contar histórias ou inventa-las, brincar na areia com garrafas e tampas, passear mesmo no quarteirão, descobrindo novidades. Inventando opções com boa vontade e alegria, as crianças não terão a TV como primeira opção de lazer; elas até esquecem de sua existência.
    Uma mãe ou pai disponível e feliz atrai mais a criança que a TV.
    Se eles já estão “viciados”, “ telespectadores inveterados”, procure atividades como natação, vôlei, dança, inglês, o que eles mostrarem maior tendência. Às vezes, até os Centros Comunitários oferecem esses serviços de graça ou com taxas ínfimas: é um investimento que tem retorno. “Quem trata de sua figueira, comerá seu fruto” (Prov. 27,18).
    Grupos de oração e formação também são excelentes opções. Nunca, porém, utilize a alegativa: “Vou matricular você na aula de inglês para ver se deixa de assistir a tanta televisão…”
    Uma observação se faz necessária: a influência dos pais e seu comportamento afetam profundamente os hábitos televisivos dos filhos. As crianças que mais assistem à televisão têm pais que também fazem os mesmo.
    Finalmente, não queremos sugerir aqui o banimento total da televisão, mas, que os apresentem outras opções a seus filhos, como também estabeleçam critérios quanto aos programas a serem assistidos, se possível juntos, para que sejam apreciados em conjunto. Um programa infantil que respeite a criança e o jovem não é necessariamente aborrecido, impostamente sério, parecendo-se com uma sala de aula repressiva. Nem significa que se deva excluir toda fantasia. A fantasia tanto na criança como no jovem é indispensável à sua visão de mundo e à sua integração no real.

  • domingo, 10 de julho de 2011

    Estou apaixonado pela historia de vida do Beato Pier Giorgio você também vai si apaixona!!!




    Ola meus queridos irmãos e imas PAZ e BEM.Recentemente eu li um livro que si chama jovens de calça jeans então tive a oportunidade de conhece a historia de um setor Beato Pier Giorgio frasssati i fiquei muito impressionado pela historia de sua vida modesta parte achei um pouco parecida com a minha ate na questão afetiva espero que você também goste da historia de vida desse jovem Pier Giorgio Frassati (Turim, 6 de abril de 1901 — Turim, 4 de julho de 1925) foi um activista católico italiano.

    Modelo do jovem leigo, o jovem foi signitivamene popular nas décadas seguintes à sua inesperada morte, sobretudo nas Conferências de São Vicente de Paulo e na Ação Católica. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II como o Homem das Oito Bem-Aventuranças aos 20 de maio de 1990.

    "Nós - que, por graça de Deus,somos católicos-não devemos gastar os anos mais belos da nossa vida como desgraçadamente fazem tantos jovens infelizes que se preocupam com gozar os bens terrenos e não produzem nada de bom,mas que apenas fazem frutificar a imoralidade da nossa sociedade moderna.Devemos treinar- nos, a fim de estarmos prontos para travar as lutas que, seguramente, teremos de combater pela realização do nosso programa e para, assim darmos á nossa Pátria,num futuro não muito longínquo, dias mais alegres e uma sociedade moralmente sã. Mas para tudo isto, é preciso: a oração contínua para obter de Deus a graça sem a qual as nossas forças são vãs; organização e disciplina para estarmos prontos para a ação no momento oportuno e, finalmente ,o sacrifício das nossas paixões e de nós mesmos,porque sem isso não se pode atingir o objetivo." (Das cartas de Pier Giorgio)

    Desentulhe as gavetas


    • Sabe aquela montoeira entulhada impedindo a livre abertura das gavetas? Papéis e outras inutilidades, reflexos da nossa mania de guardar as coisas para mais tarde jogarmos fora? Isso se denomina protelar, adiar, retardar, prorrogar, procrastinar.
      Todos nós fazemos isso com uma certa freqüência, raro são os afortunados que lidam com o tempo de forma a não deixar nada para resolver depois. Existe um tipo de protelador que escapa a todos os limites de normalidade, e é dele que iremos falar agora.
      Sua mesa é limpa e desentulhada na aparência, com a impressão de ausência de habitação, mas, se pudermos vasculhar suas gavetas, veremos que se encontram abarrotadas de compromissos adiados ou esquecidos, contas a serem pagas, anúncios a serem feitos, cartas a serem encaminhadas e uma enorme quantidade de correspondências não lidas e, ainda, papéis avulsos, catálogos, memorandos, pequenos objetos inúteis; enfim, um caos…
      É impossível se comunicar com um protelador, ele nunca está, e se solicitamos que nos dê um retorno telefônico, esperamos em vão. Também não adianta recorrermos desesperadamente à Internet, seu e-mail sempre volta, pois ele nunca confere seu correio eletrônico.
      O seu comportamento é repetitivo e inalterável, jamais podemos contar com sua atenção, principalmente nas urgências, dando-nos a impressão, com ares de mistério, de que vive muito ocupado. Em reuniões, chega atrasado, é sempre notado e esperado, o que lhe dá uma satisfação narcísea, base de sua personalidade em desajuste.
      Confiança legítima jamais terá de seus pares. Sofre assim de solidão e, se demitido, suas chances de ser novamente empregado são ínfimas, pois no mundo atual, o que mais se exige é habilidade para resolver rapidamente os problemas sem burocracia.
      A protelação é um mal que atinge o que há de mais vital do ser humano, a esperança. Corrói as expectativas com a morosidade do tempo estéril e de quem espera ansiosamente e depende do protelador. Quando solicitado que responda a um pedido de alguém, na maioria das vezes, não diz sim nem não, apesar de saber que, muitas vezes, a resposta será negativa, ele retarda e procrastina o retorno ao outro, deixando-o “seco” na condição de dependente de sua resposta.
      A procrastinação habita preferencialmente os cargos burocráticos inertes e autoritários do poder público e privado, longe do alcance da democracia. Usura, sovinice e avareza são três palavras sinônimas para expressar a secura da alma do protelador.
      A insônia é um mal comum nessas pessoas, sendo freqüente o acordar de madrugada após pesadelos medonhos, “como se a cabeça estivesse na gaveta do escritório”, com enorme aflição pelos projetos adiados.
      Antes que esse mal nos acometa, urge, portanto, cuidarmos para sairmos na inércia, adquirirmos competência e redefinirmos a relação com os outros, conquistando mais liberdade para caminhar e crescermos profissionalmente e, assim, retirarmos os atrasos das gavetas, explicitarmos a “bagunça por sobre as nossas mesas” e resolvermos os problemas em tempo hábil no ano que se inicia.

    sexta-feira, 8 de julho de 2011

    A coragem para crer


    • Chega uma hora na vida, quando é preciso ter uma fé e uma esperança como aquela de Maria. Isso quando parece que Deus já não escuta as nossas súplicas, quando, se diria que ele desmente, a si mesmo e suas promessas, quando nos faz passar de derrota em derrota, e os poderes das trevas parecem triunfar em todas as frentes ao nosso redor, e dentro de nós se faz noite, como naquele dia “sobre toda a terra” (Mt 27,45). Quando, como diz um salmo, ele parece “ter fechado na sua ira as suas entranhas e ter esquecido de ter compaixão” (Sl 77, 10). Quando chegar para ti esta hora, lembra-te da fé de Maria e grita como outros fizeram: “Pai meu, já não te entendo, mas confio em ti!”. 
      Talvez Deus esteja pedindo-nos agora mesmo que lhe sacrifiquemos, como Abraão, o nosso “Isaac”: a pessoa, a coisa, o projeto, a fundação, o cargo que apreciamos, que o próprio Deus um dia nos confiou e ao qual dedicamos toda a nossa vida. Esta é a ocasião que Deus nos oferece para mostrar-lhe que ele nos é mais caro do que tudo, acima também dos seus dons, acima também do trabalho que fazemos por ele. Deus pôs à prova Maria no Calvário – como pôs à prova o seu povo no deserto – “para ver o que tinha no coração” (cf. Dt 8,2), e no coração de Maria reencontrou intacto, e até mais forte, o “sim” e o “amém” do dia da Anunciação. Tomara que, nesses momentos, ele encontre também o nosso coração pronto para dizer-lhe “sim” e “amém”. Estando “junto da cruz de Jesus”, é como se Maria continuasse repetindo, no silêncio, com os fatos: “Eis-me! Aqui estou, meu Deus; aqui estou sempre para ti!”. Humanamente falando, Maria tinha todos os motivos para gritar a Deus: “Tu me enganaste!”, ou, como um dia gritou o profeta Jeremias: “Tu me seduziste e eu me deixei seduzir!” (cf. Jr 20,7), e fugir do CaIvário. Ela, pelo contrário, não fugiu, mas ficou “de pé”, em silêncio, tornando-se assim, de maneira toda especial, mártir da fé e, seguindo o Filho, testemunha suprema da confiança em Deus. 
      Deus disse a Abraão: “Por teres procedido dessa forma e por não me teres recusado o teu filho, o teu único filho, eu te abençoarei e multiplicarei a tua descendência… Eu farei de ti o pai de inúmeros povos” (Gn 17,5; 22,16s). A mesma coisa, e muito mais, diz agora a Maria: Eu te farei Mãe de muitos povos, mãe da minha Igreja! Todas as famílias da terra serão em ti abençoadas. Todas as gerações te hão de chamar bem-aventurada! 
      Por isso, como os israelitas nos momentos de grande provação se dirigiam a Deus dizendo: “Lembra-te de Abraão, nosso pai”, nós podemos dizer: “Lembra-te de Maria, nossa mãe!”. E como eles diziam a Deus: Não nos retireis vossa misericórdia, em atenção a Abraão, vosso amigo (Dn 3,35), nós podemos dizer-lhe: Não nos retireis vossa misericórdia, em, atenção a Maria, vossa amiga. 
      No capítulo precedente dissemos que, no Calvário, Maria uniu-se ao Filho na adoração da santa vontade do Pai. Nisso ela realizou até a perfeição sua vocação de “tipo da Igreja”. Ela agora está ali, esperando-nos. Disseram de Cristo que ele “está em agonia até o fim do mundo e não devemos deixá-lo sozinho”. E se Cristo está em agonia e na cruz até o fim do mundo, de maneira para nós incompreensível mas verdadeira, onde pode estar Maria senão com ele, “junto da cruz”? Ali ela convida e marca encontro com as almas generosas, para que se unam com ela na adoração da santa vontade do Pai. Adorar esta vontade, mesmo sem entendê-la. Não pode ser deixada sozinha. Maria sabe que esta é a coisa absolutamente maior, mais bela, mais digna de Deus que possamos fazer na vida, pelo menos uma vez antes de morrer. Algo que não nos desobriga nem nos afasta da procura de alívio para os sofrimentos concretos dos que sofrem ao nosso redor e no mundo inteiro; pelo contrário, torna-nos até mais atentos a isso, porque unidos ao coração de Deus. Exatamente porque é “mãe das dores”, Maria é também “consoladora dos aflitos”. 
      Está escrito que quando Judite voltou, depois de ter arriscado a vida pelo seu povo, os habitantes da cidade correram ao seu encontro e o sumo sacerdote abençoou-a dizendo: “Tu és bendita do Senhor; Deus Altíssimo, minha filha, entre todas as mulheres da terra… jamais os homens cessarão de celebrar o teu louvor” (Jt 13,18s). Nós dirigimos a Maria as mesmas palavras: Bendita és tu entre as mulheres! A coragem que tiveste jamais desaparecerá do coração e da lembrança da Igreja! 
      Vamos agora resumir toda a participação de Maria no Mistério Pascal aplicando a ela, com as devidas diferenças, as palavras com as quais São Paulo resumiu o Mistério Pascal de Cristo: 
      Maria, que era a Mãe de Deus, não reivindicou o privilégio da sua proximidade com Deus; mas despojou-se a si mesma tomando a condição de serva, tornando-se semelhante a qualquer outra mulher.Viveu na humildade e no escondimento, obedecendo a Deus, até a morte do Filho, morte na cruz. Por isso é que Deus a exaltou e Ihe deu um nome que, depois daquele de Jesus, está acima de todo o nome, para que ao nome de Maria todas as cabeças se inclinem, nos céus, na terra e nos infernos, e toda língua confesse que Maria é Mãe do Senhor, para glória de Deus Pai. 
      Amém. 

    Coração: símbolo universal do amor



  • O coração é o símbolo universal do amor. Usado, aliás, com muita freqüência, por quem deseja exprimir seu amor por uma pessoa, por uma cidade, por um time de futebol etc. Por exemplo: “Eu (CORAÇÃO) o Brasil. Eu (CORAÇÃO) o Francis. Eu (CORAÇÃO) a Ir Ao Povo…” Compreende-se logo o significado: “Eu amo o Brasil. Eu amo o Francis. Eu amo a IrAoPovo”.
    Porque o coração é o símbolo do amor, quando dizemos “Coração de Jesus”, queremos exprimir todo o amor de Jesus Cristo ressuscitado por seu Pai, por seu Espírito Santo, por seus pais: Maria e José, por sua Igreja, por todos os seres humanos, por você e por todos os seus familiares, por mim e minha família, enfim, por todos nós. Jesus é uma pessoa que só soube e só sabe fazer uma coisa: amar. Tudo quanto Jesus pensou e pensa, falou e fala, realizou e realiza, quis e quer, tudo brota e jorra do seu coração, ou seja, do seu amor. Jesus não sabe fazer outra coisa senão amar.
    Da mesma forma, quando dizemos “Coração de Maria”, entendemos o amor que sempre impulsionou a vida da mãe de Jesus. Em Maria, o coração é o símbolo de todo seu amor pelo Pai celeste, por seu Filho, pelo Espírito Santo, por São José, pela Igreja e por todos os seres humanos. Preservada do pecado das origens e cheia da graça divina, Maria foi a pessoa humana com a maior capacidade natural e sobrenatural de amar. Por ser imaculada, nela não havia barreiras ao amor. Cheia de graça, nela havia a força da perfeição da caridade, ou seja, a perfeição do amor.
    Podemos intuir, admirar, contemplar e encantar-nos com a profundidade, a perfeição, a dimensão, a gratuidade e a comunicação-comunhão de amor existentes entre os corações de Jesus e de Maria. Incluindo, necessariamente, nessa intuição, o amor afetivo intenso e permanente que foi vivenciado por eles, durante sua vida terrena!
    Maria é todinha do Coração de Jesus. E Jesus é todinho do Coração de Maria. O lugar principal, ou seja, o altar principal no coração de Maria é ocupado por Jesus. E Maria ocupa, no coração de seu filho, um lugar imediatamente abaixo do lugar do Pai e do Espírito Santo. Jamais outro filho com sua mãe souberam amar-se tão abrangentemente, como o souberam e sabem Jesus e Maria.
    O Coração de Jesus escolheu e preparou para si sua mãe, a mais perfeita e bela no espírito, no psíquico e no físico. Para entendê-lo, basta dizer que foi “preservada do pecado original” e “cheia de graças divinas”, em função de sua maternidade, e pelos méritos futuros de seu próprio filho. Por sua vez, o Coração de Maria, por ser mãe sem deficiências pelo fato de ser imaculada, e por ser perfeita no amor por ser cheia de graças, amou e ama com amor perfeito e irretocável a seu filho, acolhendo-o generosamente, entregando-se inteiramente para servi-lo como mãe, colaborando de forma perfeita com ele, em sua missão salvífica.
    Estes dois corações: o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria tornaram-se inseparáveis, indivisíveis. Quem penetra no amor desses corações percebe de imediato que aquilo que Maria mais quer, é que seu Filho seja conhecido, acolhido, correspondido no amor, obedecido e seguido, a fim de que ele possa salvar aos que nele crêem; e que aquilo que Jesus muito quer é que sua mãe seja conhecida, acolhida e correspondida em seu amor materno. Prova é que, crucificado, em dores inimagináveis, Jesus não esqueceu de nos dar em testamento, como herança, sua própria mãe para ser também nossa mãe: “Mulher, eis aí teu filho! Filho eis aí tua mãe”! (Jo 19,25-27)
    Sagrado Coração de Jesus, ensinai-nos a ser filhos amorosos de vossa e nossa mãe! Imaculado Coração de Maria, ensinai-nos a corresponder ao amor de vosso filho Jesus.
  • Amor é decisão



  • Em nossa vida, constantemente precisamos tomar decisões: se vamos a um passeio ou à Missa, se permanecemos neste emprego ou buscamos outro, se usamos esta ou aquela roupa etc. Desde as mínimas coisas até grandes decisões, como a resposta a determinada vocação, em tudo devemos nos posicionar, fazer uma ‘cisão’, uma quebra, um rompimento com algo para assumir outro.
    A Santíssima Trindade, por ser uma comunidade de amor, vive em perfeita harmonia nas decisões tomadas e assumidas. O Pai, com o Espírito Santo, decidiu enviar o Filho. O Filho, naquele momento ‘sem momento’, decidiu se apresentar ao Pai dizendo o eis-me aqui, envia-me, e sua aceitação levou-o até o sim da cruz e o sim que se perpetua na Eucaristia em todos os tempos. Jesus tomou decisões e nos ensina a fazê-lo. O Filho, junto com o Pai, decidiu enviar o Espírito Santo para nos santificar. A Palavra de Deus já nos alerta: Que o vosso sim seja sim e o vosso não seja não, porque se não és frio nem quente vou vomitar-te. Assim, o cristão se torna alguém que sabe o que quer e busca ser conseqüente com o que assume. O amor, eixo em torno do qual gira toda a vida humana e cristã, também é questão de decisão. Sou eu que escolho se quero ou não amar, a quem quero amar e como será o meu amor.
    As vezes, no atendimento às pessoas que batem à porta do nosso mosteiro pedindo orações ou conselhos, fico comovida ao escutar histórias verdadeiramente dramáticas, mas onde percebo, no meio de tanto sofrimento e ingratidão a dedicação e um amor total e incondicional de alguma pessoa. Quantas esposas que acolhem e aceitam seus esposos ingratos, alcoólatras, infiéis, agressivos e os amam a ponto de conseguirem de Deus sua conversão e libertação! Por outro lado, também quantos esposos abandonados, traídos e humilhados por suas esposas, mas que continuam fiéis a um sim pronunciado um dia! Quantos pais que insistem em amar seu filho que só traz desgosto e sofrimento!… E cobrem tudo com o amor, defendendo a pessoa amada com unhas e dentes. São pessoas que simplesmente decidiram amar. E muitos milagres acontecem como conseqüência deste amor.
    Quando amo devo agir com a consciência de estar fazendo uma opção de vida. Não estou vivendo um sentimento que irá trazer-me apenas prazer ou alegria. Irei assumir toda a pessoa, com seus limites, seus defeitos, suas quedas, seus fracassos, mas também suas vitórias e triunfos. Aliás, é na hora da desgraça que se prova o verdadeiro amor.
    Penso que muitos relacionamentos inclusive no matrimônio não se aprofundam nem perseveram por falta desta decisão de amar até o fim, para além dos sentimentos. Deus nos ama assim. Ele é fiel porque se decidiu a estar conosco sempre e nos ama em todo tempo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, sempre! Quando Jesus decidiu ser amor entre nós, assumindo nossa humanidade e nos ensinando a ser humanos, todas as conseqüências foram assumidas juntamente, inclusive a cruz e a morte. Amar é dar a vida, e dar a vida não é sentimento, é ato de decisão. Quando amo alguém estou vivendo este mistério que Jesus vive na Eucaristia a cada momento. Ele está ali, no sacrário e em quem o recebe, independentemente da forma como é acolhido e venerado. É o mesmo para aquele que o ama intensamente como para aquele que o recebe com indiferença, em pecado ou para aquele que nem o quer receber. Ele continua o mesmo Amor que se dá na pura gratuidade. E este amor gratuito é que nos constrange a pagar amor com amor e a mudar nossas vidas.
    Santa Teresa de Ávila, em seu livro Castelo Interior ou Moradas, descrevendo o itinerário espiritual da pessoa que se entrega à oração, diz várias vezes como se sentia pequena e como que ‘esmagada’ diante de tudo que Deus lhe fazia, de todas as graças que recebia do Senhor. Amor gera amor, dizia ela em outro lugar e era firme na formação das carmelitas descalças para serem pessoas decididas, pessoas de determinada determinação, na linguagem teresiana. Quando a pessoa que Deus coloca em nossa vida para que a amemos não nos agrada, quando temos de enfrentar lutas de nossa natureza, quando o outro se torna um peso, ou ele tem o dom de desagradar-me em tudo na expressão de Santa Teresinha então sim, estarei diante de uma excelente oportunidade para viver o verdadeiro amor, o amor gratuito que Jesus me pede e ensina.
    Seja nosso amor para com cada pessoa este ato de decisão que nos leve a perseverar até o fim, ou seja, até a consumação de nossa vida no céu, onde tudo será amor, pois na tarde da vida seremos julgados pelo amor (São João da Cruz).
    Irmã Maria Elizabeth da Trindade, OCD Carmelo de Passos-MG 
  • O Espírito Santo nos renova



  • O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos renova pelo batismo; e do nosso estado de imperfeição, reintegra-nos na beleza primitiva. Torna-nos de tal forma repletos de sua graça, que não podemos admitir em nós qualquer coisa que não deva ser desejada. Além disso, liberta-nos do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.
    Faz-nos ainda conformes à imagem do Filho, seus co-herdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios anjos. E com as águas divinas do batismo, apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno.
    Os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados. Citarei o nome e a doutrina de cada um.
    João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).
    Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, do Espírito Santo, e participantes da natureza divina. E para ficar bem claro que o Deus que gera é o Espírito Santo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).
    A fonte batismal dá à luz de maneira visível nosso corpo visível, pelo ministério dos sacerdotes; mas o Espírito de Deus, invisível a todas as inteligências, é que batiza e regenera simultaneamente o corpo e a alma, pelo ministério dos anjos.
    João Batista, historicamente e de acordo com esta expressão: da água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16).
    Como um vaso de barro, o homem precisa primeiro ser purificado pela água; em seguida, fortalecido e aperfeiçoado pelo fogo espiritual (Deus, com efeito, é um fogo devorador). Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar como o fogo.
    Do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria (Séc. IV)
  • Quais são os limites durante o namoro?


    • A atração que uma pessoa pode sentir por outra é uma experiência por vezes maravilhosa e embriagante. Descobrimos ao mesmo tempo a ternura, a emoção do coração e do corpo quando vemos o outro, no contato com o outro. Este prazer experimentado pela proximidade de alguém, dá o desejo de o viver ainda mais intensamente, de ir mais longe na relação.
      Ora, dar-se as mãos, beijar-se, tocar-se já é bastante. Todos estes gestos de ternura, de amor nos comprometem um com o outro. Nenhum é inofensivo, quaisquer que sejam os sentimentos que se vivam. Eis porque é importante dar tempo para se perguntar se os gestos que fazemos têm o mesmo significado para cada um de nós dois. É por amor, por simples prazer, por necessidade de ternura? Estas atitudes não nos comprometem mais do que aquilo que pensamos? Se vivemos todos os gestos do amor e nos damos um ao outro, será que ainda podemos discernir verdadeiramente com clareza quais são os nossos sentimentos?
      Para viver da melhor forma esta relação de ternura diferente da que é vivida no casamento, pois o dom total do corpo se fará num compromisso definitivo, estejamos atentos às reações e à sensibilidade do outro. É o momento de aprender o domínio de si mesmo. Podemos ser tentados, sobretudo se já nos conhecemos há muito tempo, a ter gestos mais íntimos: perguntemo-nos se o que nos guia é exprimir a nossa ternura, ou o desejo pelo outro.
      Se estamos verdadeiramente atraídos um pelo outro, não será o momento de nos colocarmos a questão do casamento? Quantos casamentos que acabaram mal, não teriam sequer acontecido se o homem e a mulher tivessem tido tempo para se conhecerem um ao outro em toda a liberdade.
      Numa sociedade em que os slongans publicitários repetem sem cessar as palavras “instantâneo. imediatamente”, e em que queremos ter “tudo e já”, vejam bem que é preciso tempo para edificar a relação interpessoal de marido e mulher e que o teste do amor é o compromisso duradouro.
      Beato João Paulo II