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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O silêncio


  • A cada dia mais nos encontramos imersos no barulho. O silêncio é, hoje mais do que nunca, um bem escasso. Estamos já acostumados a viver entre os ruídos da toda espécie; aos ruídos habituais da natureza ou aos domésticos, acrescentamos os necessários ruídos industriais das oficinas e fábricas. Avenidas e praças, pequenos povoados e grandes cidades são ruidosos, e o silêncio, como um perseguido, tem de se refugiar em lugares ermos e solitários de chácaras e aldeias, baixadas e colinas, de onde também é expulso nos fins de semana.
    Assusta-nos o silêncio? Tudo faz pensar que sim: quando entramos em casa, deixando para trás o ruído da rua, não damos conta de nos acostumar à oásis de paz e silêncio do lar; temos logo de ligar o rádio, o aparelho de som ou o televisor, porque no silêncio teríamos que nos confrontar com a nossa própria individualidade.
    O ruído, o vozerio ou o fragor nos projetam para “fora de nós”; o silêncio nos coloca frente a frente conosco mesmos, e isso não nos parece interessar.
    No silêncio, nos encontramos, e no silêncio podemos encontrar a Deus. A reflexão, a meditação e a contemplação precisam de silêncio. Deus não está nem no espantoso trovão nem no relâmpago intimidador; Deus está na brisa suave que reconforta o corpo e serena o espírito.
    Em nossas celebrações litúrgicas, a cada dia deixamos menos tempo ao silêncio, como se ele também a nós assustasse: canto, oração recitada, leitura, música de acompanhamento… E o silêncio?
    Tanto quem preside, como toda a assembléia celebrante, devemos recobrar e potencializar o valor do silêncio. A Quaresma é tempo oportuno para isso. Temos que nos educar à pedagogia do silêncio; que toda a assembléia se encontre unida, e também reunida, no silêncio.
    Silêncio de oração. Silêncio de contemplação. Silêncio de ação de graças. Silêncio de exame de consciência. Silêncios cheios da ação do Espírito em nós.
    Há silêncios eloqüentes e há os angustiantes.
    Há silêncios pesados e há os gratificantes.
    Há silêncios cheios e há os vazios.
    Que em nossas celebrações os silêncios sejam silêncios cheios de Deus.
    Dom Washington Cruz, CP

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