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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Jovem: “a verdade vos libertará.”


  • “A educação consiste em despertar nas consciências a  verdade que está dentro das consciências, de maneira que elas se tornem capazes de raciocinar por si mesmas, de julgar por si, de se tornar livres num mundo em que a liberdade é um risco, uma conquista e nunca um dado de fato ou um dom já enraizado. “
    Sendo essa a natureza e a finalidade da educação, é indispensável dar à pessoa condições de alcançar o objetivo, isto é, de captar a verdade para administrar, depois, sua própria liberdade. É esse o sentido profundo das palavras de Jesus no Evangelho.
    É também o verdadeiro problema para a cultura em que a atual geração de jovens vive: hoje – importa ressaltar – não é só a liberdade que constitui uma conquista, mas também a verdade a respeito de si. Seria ingênuo considerá-la previsível. Quem não descobre sua própria verdade, nunca será livre.
    Partimos do princípio de que o jovem deve tornar-se educador de si mesmo, isto é, ele mesmo deve tornar-se capaz de “extrair” de si (=educere) a sua verdade.
    a)    Comportamentos
    Antes de tudo, a atenção deve ser dirigida à conduta, àquilo que é imediatamente visível ou facilmente perceptível; sobretudo aos comportamentos habituais, aos gestos ou aos modos de agir que a pessoa repete até mesmo em ambientes diferentes e com pessoas diferentes ou que reconhece também em seu passado; aos comportamentos já arraigados; àquilo que ela diz com uma certa freqüência ou que sublinha com igual urgência. Sobretudo, se depois percebe uma certa discrepância entre o que ela diz ou pretende (dos outros, mas também de si) e o que de fato faz.
    Em geral, o jovem fica chocado com a distância que existe (e é evidente) entre os valores proclamados e os valores (não) vividos. Contudo, é essa mesma diferença que ele deve descobrir.
    b)     Atitudes
    No segundo nível de observação, o olhar torna-se mais penetrante e desce mais em profundidade.
    Geralmente, parte-se da “área de incoerência” antes detectada, para se tentar captar não só o que aparece evidente de imediato, mas também o que não é tão evidente e, mesmo assim, faz parte do eu. De fato, as atitudes são predisposições a agir, como “programas de ação”, já memorizados em nosso “computador”, conscientes e também inconscientes, prontos para o uso como um esquema fixo e estável e dos quais derivam subjetivos estilos de ação e critérios de escolha, modos estereotipados de julgar os outros e simpatia/antipatias, atrações e repulsas imediatas, estados de ânimo e nervosismos. Aquela incoerência, como toda incoerência, tem aqui as suas raízes.
    Uma certa inquietação, durante essa análise, é bom sinal: significa que o jovem está no caminho certo e também descobrindo seus pequenos ídolos. Normalmente, as atitudes não são muitas, não se identificando com os comportamentos, mas tocam as áreas estratégicas do nosso ser, a relação com as nossas escolhas de vida, com os outros, com Deus.
    Em geral, estamos muito apegados às atitudes. Por isso, não é fácil atacá-las e mudá-las, especialmente quando não se tornam nunca objeto de atenção crítica.
    c)    Sentimentos
    A terceira passagem vem por si mesma. Uma vez superada a barreira do que é imediatamente visível, não deveria ser difícil levar a análise adiante para perceber, com sinceridade, o que o sujeito experimenta dentro de si ou experimentou naquela precisa circunstância, quando recebeu uma ofensa ou se sentiu marginalizado.
    O sentimento é uma ressonância afetiva com a qual o jovem vive os seus estados subjetivos no relacionamento com o mundo exterior. Nasce como emoção que se torna, aos poucos, estável e pode chegar a ser tão intensa que pode passar a ser paixão.
    Existem vários tipos de sentimentos: amor, ódio, alegria, tristeza, esperança, desespero, bem-aventurança, êxtase, plenitude, vazio interior… Normalmente uma pessoa experimenta uma certa variedade de sentimentos que, no fundo, além de ser um precioso indicador, constituem uma riqueza do coração humano. Todavia, há também quem os teme, os sataniza ou envergonha-se deles ou tem medo de descobrir que é capaz de ter sentimentos negativos, ódio ou ressentimento, e procura, de certa forma, negá-los, até se tornar pessoa “anemotiva”, incapaz totalmente de experimentar sentimentos, fria e rígida como bacalhau. Seria uma grave anomalia para uma pessoa consagrada! Também porque, sem conhecer o próprio coração, como poderá comunicar-se com um outro coração?
    O jovem deve aprender esse princípio: por meio do envolvimento emotivo e do tipo de emoção experimentada, o eu se revela a si mesmo. Por conseguinte, vale a pena ser sincero consigo mesmo para educar (= extrair) os sentimentos.
    d)    Motivações
    Dos sentimentos às motivações ou à tentativa de identificar o que realmente leva jovem a agir, as necessidades que nele prevalecem, mesmo se inconscientes.
    A motivação é o fator dinâmico-direcional que ativa e dirige o comportamento humano para um objetivo preciso. É energia com algo certeiro, força intencional. É o que a pessoa quer realmente, embora – às vezes – não o compreenda e até em oposição a outros objetivos declarados e… nobres. Aqui o jovem deve procurar captar a orientação geral da sua vida, daquilo que pretende realizar, como vem à tona pelas várias motivações que colhe na base do seu ser e agir.
    Então, já não é suficiente a sinceridade. É preciso chegar à verdade de si, por meio de perguntas precisas: estou agindo com base em necessidades egoístas ou visando a motivos transcendentes?

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