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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Quem são os ídolos da juventude?



  • Sabe-se que, do ponto de vista psicológico, a tarefa básica da adolescência é a aquisição do sentimento de identidade pessoal. Mas o que é identidade? Bem, segundo Osório, poderíamos dizer que identidade é, resumidamente, a consciência que o indivíduo tem de si como um “ser no mundo”. E para adquirir sua identidade pessoal é necessário um processo de individuação, de separação, que passaria pelo rompimento do vínculo de dependência com os pais característico da infância.
    A esta altura você pode estar se perguntando: “Sim, e o que isso tem a ver com os ídolos da juventude?”. A resposta é: “Tudo!”. Ao romper o vínculo simbiótico com os pais, o adolescente vai precisar de substitutos, alguém que ocupe esse lugar que ficou vazio. O grupo de amigos, as “paixonites”, e os ídolos (aí estão eles!) funcionam como reflexo dessa substituição. São formas que ele encontra de expressar sua necessidade de auto-afirmação. Em outras palavras, o adolescente tem necessidade de se desvincular dos pais, mas ao mesmo tempo isso gera ansiedades, como toda situação nova, e por causa dessa “ameaça”, ele tenta restaurar a situação original com a adesão a substitutos desses pais. Isto explicaria as identificações maciças dos jovens com seus ídolos.
    Fica claro, então, por que o adolescente, na ansiosa busca de sua identidade, estabelece, por vezes, pseudo-identificações, as quais incorpora parcialmente ou abandona posteriormente. Na verdade, o que ele está buscando, muitas vezes nos lugares e pessoas erradas, é identificação com personalidades mais consistentes e firmes, pelo menos num sentido compensatório ou idealizado. Os adolescentes querem desesperadamente ser eles mesmos, mas o problema é que não sabem ainda quem são, e por isso, às vezes, se perdem em quem gostariam de ser.
    Já sabemos que ter ídolos é algo natural nesse processo de busca da identidade que se inicia na adolescência, não é? Porém, há algo que merece nossa atenção e constante questionamento: quem nós estamos escolhendo como modelo? O que realmente merece ser seguido, imitado? Quem eu estou querendo ser, a quem estou querendo me assemelhar? Quais são os valores que eu procuro em alguém com quem gostaria de me identificar? A quem estou dando o “poder” de me dizer como ser? A escolha de modelos é subjetiva, cada um, por ser diferente, tem preferências diferentes, mas isso não quer dizer que muitas vezes não nos deixemos influenciar pela mídia, pelos modismos, pelos astros “fabricados” para fazer sucesso entre os jovens, pelas “febres” do momento, infelizmente.
    E é exatamente por isso que precisamos estar atentos. Devemos constantemente nos questionar nesse sentido, sem medo da resposta que vamos ouvir. Ser verdadeiros conosco mesmos e com Deus é um passo essencial que damos no sentido da maturidade. Além do mais, como vou poder renovar minha escolha e ser responsável por ela se nem sei por que escolhi?
    A palavra “ídolo” vem de “idealizar”, é basicamente “alguém que deu certo” e que, de certa forma, diz para o jovem que ele também vai “chegar lá”. Talvez o lugar onde você queira chegar influencie sua escolha de ídolos… Eu pergunto: “Aonde você quer chegar? Até onde pretende ir? Que caminhos busca seguir? Onde quer descansar sua insegurança? Em que lugar, em quem, procura os valores que vão nortear sua vida daqui para a frente?”. Podemos prender nossa atenção no superficial, naquilo que passa, na mentalidade do mundo que diz que só tem valor quem tem um corpo legal, quem é bonito… e as pessoas, até mesmo os ídolos, se tornam descartáveis, afinal ninguém fica jovem, bonito e com um corpo legal para sempre… “É nisso que quero dar certo? É até aqui que quero chegar?” Espero que não! O homem tem um valor infinito, que ultrapassa e muito o superficial, o efêmero, o exterior, e, portanto, tem capacidade de ir muito mais longe.
    O Papa João Paulo II disse certa vez que cada pessoa humana corresponde a um pensamento de Deus. Você, pensamento de Deus, sonho de Deus, certamente foi criado para os grandes ideais. Ele, o Papa, confia imensamente nos jovens; quem somos nós, então, para não confiar na nossa capacidade de escolher modelos para seguir? Modelos que nos impulsionem a alcançar os grandes ideais para os quais fomos criados, que nos ajudem a pautar em valores verdadeiramente sólidos o código de ética próprio que começamos a incorporar como nosso na adolescência. Poderíamos dar dezenas de exemplos disso… o próprio Papa, Nossa Senhora, que era bem jovem quando recebeu a visita do anjo Gabriel; vários santos jovens: Santa Teresinha, São Domingos Sávio, Santa Maria Gorete…
    Renata Mattos Dourado Bezerra
    Bibliografia Consultada:
    ABERASTURY, A. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
    SILVESTRINI, A. A pil grim Pope. Kasas City: Andrews Mcmeel publishing, 1999.
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